Associação destacou os desafios para a confiabilidade do sistema elétrico
Em um momento desafiador para o planejamento energético nacional, a Abrage esteve presente hoje, 8/11, no lançamento da Consulta Pública do Plano Decenal de Expansão de Energia-PDE 2034, promovido pelo Ministério de Minas e Energia -MME e pela Empresa de Pesquisa Energética-EPE. O evento trouxe à tona preocupações sobre o futuro da matriz elétrica brasileira, com destaque para os efeitos das mudanças climáticas e a redução da representatividade das hidrelétricas na matriz, que, em projeções do PDE, devem ter uma participação inferior a 50% até 2034, frente ao patamar atual de 55,8%.
A presidente da Abrage, Marisete Dadald Pereira, fez uma análise realista do cenário apresentado, destacando os desafios e riscos que o sistema elétrico enfrenta com as mudanças crescentes na matriz energética, em função da entrada expressiva de novas renováveis intermitentes. “O sistema tornou-se deficitário em termos de capacidade e flexibilidade operativa, principalmente pela substituição gradual das hidrelétricas por fontes intermitentes na expansão. Isso é muito preocupante quando nós precisamos de uma matriz que agregue confiabilidade e flexibilidade”, afirmou Marisete.
A presidente da Abrage pontuou, ainda, que o déficit de potência no curto prazo exige atenção especial. Segundo ela, mesmo com a abundância de energia em determinados horários – o que leva o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a realizar cortes de geração, prática conhecida como curtailment –, a segurança energética está em risco. “Estamos à beira de enfrentar diversos riscos em relação à segurança, pelo nível de variabilidade das fontes e pela complexidade da matriz. Precisamos olhar também para os custos de operação,” ponderou.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que o PDE 2034 traz um planejamento detalhado e abrangente para a próxima década, com estimativa de investimentos de R$3,2 trilhões em áreas essenciais como linhas de transmissão, geração de energia, hidrogênio e a nova indústria verde. “Este plano serve como uma ferramenta estratégica para todos os setores conectados ao setor energético brasileiro, tornando a transição energética justa, inclusiva e, se possível, obrigatória”, explicou Silveira.
Com a abertura da Consulta Pública, que ficará disponível por um mês, o PDE 2034 busca envolver a participação ativa de instituições, associações e especialistas do setor para aprimorar as estratégias e garantir que o Brasil continue avançando com uma matriz energética segura e sustentável. A Abrage, comprometida com o fortalecimento do setor elétrico, reforça a importância de uma expansão que garanta segurança, confiabilidade e preços competitivos. Nesse sentido, o planejador precisa equilibrar requisitos e custos de forma adequada, considerando os custos reais de cada fonte de modo a se ter uma alocação correta, justa e transparente desses custos.